Aos “patriotas de verdade” digo: Não se atribui hierarquia a dores e paixões!

 
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Eu até poderia falar sobre a derrota do Brasil… Sobre o quanto eu gosto de futebol, ou se odeio futebol. Sobre o quanto foi humilhante, ou sobre o que não é humilhante. Mas já tem gente demais falando exatamente isso – embora sempre tenha gente demais falando sobre qualquer coisa na janela virtual que emana a “sapiência” do poder de consulta (“googlear”).

Quando coisas diferentes despertam a mesma natureza de sentimentos, caímos na tentação de colocá-las na mesma balança, com a mesma significância, quando não o são. Eu posso chorar porque sofri e também chorar porque ganhei e não é epistemologicamente possível eu buscar o grau de relevância de reações que (embora comuns na fonte) são, quando não opostas, ao menos bem diferentes. Eu posso sofrer pelo Brasil enquanto país e pelo Brasil enquanto clube! Nesse caso, é quase o mesmo sentimento, mas com gênese diferente e um não é, necessariamente, menos “nobre” do que o outro, ainda que com relativas “importâncias”.

Se me comovo com o número de homicídios no Brasil (ou no mundo)? Claro que sim! Mas isso não me impede de sofrer pelo futebol, que é reconhecido como um patrimônio nacional, difusor de paixões trazidas do berço (pelo menos do meu). Gostar de futebol, de música ou daqueles quadros “diferentes” de uma Tarsila do Amaral, não me faz com que eu seja uma pessoa que dá mais prioridade para o esporte ou para a arte do que para a vida, a saúde e a educação. Posso estar enganado, mas não enxergo a coerência dessa comparação. É uma proposta de reflexão nada inteligente (embora assim se proponha) e sem pragmatismo no resultado. Ora, diante das dores e das paixões, não há hierarquia, nem precedência lógica!

…E eu até agora não entendi a relação entre os 7 gols sofridos pelo Brasil com a guerra na palestina, mas se pudesse impediria o resultado de ambos.

 

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