No peito ardendo o anseio podre que cheira à prole
No sangue jorrando o veneno dissidente, com ar de gente que no lugar de rir, chora
Na gente a dor de quem sente ideias pré-concebidas que se afloram
Um braço forte sem jeito, num urro de misericórdia,
No tranco da força e nos ranger dos dentes contra o crivo de quem é mais forte
Na queda daquele que bate e se estala no sinistro provocado à mão
Com suor gelado sabes que um dia ele bate, mas no outro apanha como cão
Da garra em crer que pode, mas que o entrave desatina e continua…
Não ciente de que na tragédia e na dor nasce a figura do crissatã oportunista
Tem capital na práxis e discurso de que seu ideal contradiz “dominação”
Com calçado ornado, faz acreditar ser afilhado d’uma tal revolução
Mas é tudo comprado, diz que é pra pobre, mas veio de gente fina
O livro rasgado tem páginas vermelhas, relata o sangue e a luta…
fala da gente um bocado, bem ilustrado, texto cumprido de pauta curta
Dizem um tanto bonito, convencem meio mundo com aquilo,
mas é tudo muito eloquente,
“companheiro” é quem tem condição
a minha aflição pavorosa, o cognitivo dessa gente não entende
Com camisa furada, tênis de trapos, de quem quer crer que o espírito leva jeito
De que vale a fachada-santa, a palavra empenhada,
Se a minha comida vem do seu lixeiro?