As coisas são carregadas de significados. Rabiscos, pinturas, fotografias… Todos são capazes de gerar impacto. Contudo, imagens nem chegam perto da representatividade que têm as palavras e sua infinidade de contextos; As maneiras com que se moldam e ganham vida no ar. Os diferentes jeitos de serem expostas…. Uma mesma palavra pode ir do esdrúxulo coloquial ao sublime erudito e rebuscado. Depende da forma, da estrutura e, não obstante, da intenção.
Na Alemanha, em 1930, o Austríaco sobe os degraus de onde liberta seus gritos, arrojados e celestiais. Um som alemão soado como orquestra. A frente do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, no idioma: Nationalsozialistiche Deutsche Arbeiterparter. É expressivo, palavras de som agressivo, difícil agradar os ouvidos de quem não é acostumado, mas quem importa? Encantou eles, os alemães. Adolf, seu bigode e suas palavras eloquentes.
Quem se esqueceria do “Eu tenho um sonho” de Luther King? Palavras históricas, discurso que nenhum museu poderá guardar. Palavras que fizeram o sonho da realidade negra ser compartilhado com outros milhões. “Sim, nós podemos”, disse o presidente… Palavras que fizeram campanha política e foram símbolo de uma reconquista nacional, sem ufanismo tolo, apenas esperança.
“Não” e “sim” fazem toda a diferença, sem precisarem de adicionais. Palavras dão título, nome, propriedade… “vá”, “faça”, “pare”, “silêncio”… As mais presentes são elas, as oriundas do fazer apelativo. Fazem da metonímia social, ser o “povo” a parte pelo todo… A elipse engole, o pleonasmo mantém o desnecessário. Hipérbato inverte e o anacoluto torna tudo um pouco bagunçado. É quase uma sociedade, uma metáfora de certo e errado que nem todo mundo enxerga.
Ainda há quem conceitue “palavra” como um vocábulo representado graficamente ou um conjunto de morfemas! Absurdo, não? Clarisse não se limita: “A palavra é meu domínio sobre o mundo”.